RODRYGO FORA DOS FINALISTAS à BOLA DE OURO 2024 é TãO ABSURDO QUANTO SERIA DAR O PRêMIO A ELE

A Bola de Ouro, entregue pela France Football, não é necessariamente uma premiação dada ao melhor jogador de futebol do mundo. É mais seguro dizer que premia o melhor, o mais decisivo, o grande protagonista, de uma temporada. E como o palco principal das competições entre clubes fica na Europa, quem foi mais decisivo na Champions League tem suas chances consideravelmente aumentadas. É por isso que a ausência de Rodrygo, do Real Madrid, da lista de 30 finalistas é um absurdo.

O meia-atacante, que herdou a camisa 10 da seleção brasileira enquanto Neymar segue ausente por causa de lesão, foi um dos melhores jogadores de um Real Madrid campeão europeu e da Espanha. Nos momentos em que Jude Bellingham e Vinícius Júnior não puderam, por diferentes razões, decidir, foi Rodrygo quem manteve o alto nível no ataque da equipe comandada por Carlo Ancelotti.

Logo após o anúncio da lista final do tradicional prêmio, que neste ano será entregue no dia 28 de outubro, Rodrygo utilizou suas redes sociais para fazer uma provocação velada, mas que de velada não tem nada: uma imagem beijando a taça da Champions League, outra com o troféu do Campeonato Espanhol em sua posse e completou com dois emojis: o desenho de uma pessoa com as mãos sobre os ombros e uma carinha rindo de deboche. Neymar comprou o barulho do também ex-santista, postando “Mínimo Top 5 do mundo, craque!”.

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O erro e o contexto

Por que Rodrygo sequer foi citado entre 30 jogadores? A resposta mais simples é: porque erraram. Destrinchando um pouco mais, no entanto, alguns contextos específicos também aparecem – embora não justifiquem o erro. O maior deles é o futebol de seleções: 2024 foi ano de Copa América e Eurocopa, e a competição entre países do Velho Continente tradicionalmente tem peso semelhante ao de uma Copa do Mundo para a escolha do vencedor da Bola de Ouro.

Este é o motivo que aponta Rodri, do Manchester City campeão inglês e da seleção espanhola campeã da Eurocopa 2024, como grande adversário de Vinícius Júnior na briga efetiva para ver quem será o Bola de Ouro. As campanhas de Espanha e Inglaterra, a outra finalista da Euro, explicam, dentro da lógica costumeiramente adotada nas premiações, a presença de vários outros coadjuvantes destes selecionados. São os casos de Declan Rice e Bukayo Saka, pelos ingleses, e Dani Olmo e Nico Williams no lado espanhol.

Lamine Yamal foi a grande figura da Espanha no título europeu, e também merece presença na lista da Bola de Ouro. A um oceano de distância, a seleção brasileira de Rodrygo e Vini Júnior decepcionou na Copa América, caindo logo nas quartas de final, o primeiro mata-mata da competição, eliminada nos pênaltis contra o Uruguai. E isso não ajuda nem um pouco.

Protagonismo é importante

Vale destacar, também, que a temporada do futebol de clubes na Europa contou histórias impressionantes. O Bayer Leverkusen finalmente conquistou o título alemão, destronando a hegemonia do Bayern de Munique. Já o Athletic Bilbao saiu de uma longa fila sem taças de campeonatos ao levantar a Copa do Rei. Depois de alguns anos se intrometendo em grandes disputas, contra grandes clubes, a Atalanta também soltou o grito de campeão (da Europa League).

As premiações individuais observam desempenho, mas também grandes histórias. Nico Williams (Athletic Bilbao/Espanha), Ademola Lookman (Atalanta/Nigéria), Granit Xhaka (Bayer Leverkusen/Suíça), Florian Wirtz (Bayer Leverkusen/Alemanha) e até mesmo Artem Dovbik (Girona/Ucrânia), que participou diretamente de 34 gols (24 tentos e 10 assistências) em 39 partidas da também histórica temporada do Girona, são grandes protagonistas de grandes histórias da última campanha. Isso, concorde ou não, conta.

Precisavam mesmo estar ali?

Mas é inegável que a inclusão de outros nomes, comparados à ausência de Rodrygo, causa, no mínimo, estranheza. Martin Odegaard? Foi bem pelo Arsenal, que quase voltou a ser campeão inglês, mas sequer disputou a Euro com a Noruega. Vitinha, pelo desempenho no PSG e seleção portuguesa? Bons jogadores, ok, mas nenhum deles fez temporada melhor que a de Rodrygo.

Os erros da Bola de Ouro

Já não é novidade ver o ex-Menino da Vila decidindo jogos no mata-mata da Champions League, e na atual temporada ele manteve o costume justo no duelo mais difícil do Real Madrid. Contra o Manchester City, o brasileiro fez gol nos encontros de ida e volta – partidas equilibradas, que terminaram em empates e vitória espanhola apenas na decisão por pênaltis.

No total, 17 gols e oito assistências. Participação direta em gols menor apenas do que Vinícius Júnior e Jude Bellingham no Real Madrid campeão europeu e espanhol. Mais do que nomes como Nico Williams e Martin Odegaard, que entraram na lista dos 30 da France Football.

Pesa para Rodrygo não ser visto como protagonista do Real Madrid? Talvez -- e sua resposta seguirá sendo dada dentro de campo. A revolta pela sua não-inclusão entre os 30 melhores não quer dizer que Rodrygo fosse um candidato real à Bola de Ouro. Muito pelo contrário. Neymar exagerou quando o colocou em um Top 5 e seria bizarro vê-lo como melhor do mundo pelos feitos de 2023/24. Mas não dá para incluir tantos bons jogadores, entre protagonistas e coadjuvantes, e ignorar um dos melhores de uma das melhores temporadas do Real Madrid.

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